Asfalto reciclado: mais um aliado à sustentabilidade

Asfalto reciclado: mais um aliado à sustentabilidade

Formado a partir de derivados do petróleo, o plástico pode levar de 50 anos – no caso de copos plásticos – a 500 anos – sacolas plásticas, por exemplo – para se decompor. De forma semelhante, o asfalto, que também apresenta substâncias do petróleo em sua composição, é um tema de grande preocupação quando o assunto é degradação ambiental e sustentabilidade. Por essa razão, o uso de materiais recicláveis é extremamente interessante para a área de construção civil, e diversas iniciativas pelo mundo já empregam o chamado asfalto reciclado.

Uma das técnicas mais utilizadas para reciclagem do asfalto é a conhecida como fresagem. A partir dela, o asfalto envelhecido que seria descartado – chamado de fresado – e que demora a se degradar é renovado a partir de novas misturas. Nessa técnica, o revestimento é peneirado e granulado para atender às necessidades do trecho a ser reparado. Depois de aquecido por raios infravermelhos, ocorre a adição de substâncias como cimento asfáltico de petróleo (CAP) ou emulsões asfálticas (EAP).

Desenvolvida na Europa na década de 1990, a fresagem já foi adotada em partes da América do Norte e tem muitos exemplos de aplicação no Brasil. Em Vancouver, no Canadá, a técnica foi aprimorada com a incorporação de plástico velho à mistura, como uma estratégia para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. No Brasil, um exemplo do emprego desse método foi realizado pela CCR NovaDutra, que utilizou mais de três mil toneladas de asfalto reciclado em operações de recuperação do pavimento da Via Dutra.

Iniciativas internacionais

De acordo com a ONU Meio Ambiente, o mundo produz cerca de 300 milhões de toneladas de lixo plástico por ano. Até hoje, somente 9% de todo o lixo plástico gerado foi reciclado. Embora não haja solução imediata, a reciclagem do asfalto, um material utilizado em larga escala mundialmente, representa uma discussão que pode render frutos. Não à toa, a utilização de plástico reciclado em pavimentos também é uma tendência em outros países.

Na Holanda, por exemplo, as empresas KWS, que constroem estradas, e Wavin, fabricante de tubos de plástico, implementaram no ano passado uma ciclovia de 30 metros cujo pavimento é composto por 70% de plástico reciclado e 30% de polipropileno, um termoplástico reciclável. O projeto é um protótipo para a PlasticRoad, desenvolvida pelas duas holandesas em parceria com a Total, companhia francesa que fornece gás e petróleo. Essa estrada sustentável deve ter uma vida útil até três vezes maior que as tradicionais, com custo mais baixo de implementação, uma vez que o tempo de construção pode ser reduzido em até dois terços.

Outra empresa responsável por aplicar resíduos plásticos no asfalto é a britânica MacRebur. A empresa desenvolveu uma mistura de polímeros que melhoram a resistência e durabilidade do asfalto, reduzindo a quantidade de betume necessário na mistura. O local de teste foi o distrito de Enfield, em Londres, em uma estrada com alto volume de tráfego. A iniciativa contribui para a reciclagem do plástico – o lixo utilizado é o que os londrinos separam na coleta seletiva – e evita o uso de materiais poluentes, incluindo os derivados do petróleo.

Um último exemplo de referência foi empregado em Rayfield Avenue, um subúrbio de Melbourne, na Austrália. Um trecho de 300 metros foi pavimentado a partir de 200 mil sacolas plásticas e embalagens, além de 63 mil garrafas de vidro trituradas e 4.500 cartuchos de impressora. Com o uso de 50 toneladas de asfalto, foram geradas 250 toneladas de material para pavimentação das estradas.

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